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Atualizado: 17/09/2025 às 18:00
Equipe Investimentos Santander
INVESTIMENTOS
Fed reduz juros nos EUA após quase um ano. Como ficam os investimentos?
Depois de quase um ano mantendo os juros inalterados, o Federal Reserve (Fed) finalmente cortou as taxas de juros nos Estados Unidos.
Essa decisão pode mudar o rumo da economia global e impactar diretamente a Renda Fixa, a Bolsa e até o câmbio.
Mas o que isso significa para você, investidor? Entenda como esse movimento pode abrir novas oportunidades ou riscos para o seu portfólio.
Qual é a taxa de juros nos EUA hoje?
Em 17 de setembro de 2025, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Fed reduziu a taxa de juros nos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, para o intervalo de 4,00% a 4,25% ao ano, e sinalizou mais dois cortes este ano devido a preocupações com o mercado de trabalho dos EUA.
A última alteração dos juros para a economia americana ocorreu em dezembro de 2024, quando o Fed também havia cortado a taxa de referência. Observe:
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Basicamente, a decisão buscou equilibrar o enfraquecimento do mercado de trabalho com uma inflação que segue moderada.
Vale lembrar que a taxa de juros é a principal ferramenta do Federal Reserve para regular a economia e manter a inflação dentro da meta de 2% ao ano.
Cada ajuste impacta o custo do crédito, o ritmo da atividade econômica e, por consequência, o preço dos ativos financeiros no mundo inteiro, inclusive no Brasil.
Por que os juros do Fed estavam elevados?
Desde 2020, os juros do Fed passaram por grandes oscilações. Para resumir o histórico recente:
- 2020: durante e logo após o auge da pandemia de Covid-19, o Federal Reserve reduziu e manteve taxas próximas de zero para estimular a economia.
- 2022 e 2023: com a disparada da inflação, pressionada por gargalos na cadeia de suprimentos, estímulos fiscais e consumo aquecido, o Fed elevou os juros 11 vezes entre março de 2022 e julho de 2023, atingindo o maior nível em mais de 20 anos.
- 2024: com sinais de desaceleração da inflação, o Fed iniciou cortes cautelosos, reduzindo os juros três vezes no segundo semestre. Em dezembro, sinalizou apenas dois cortes adicionais em 2025, mantendo o tom conservador.
- 2025: nas reuniões de março, maio, junho e julho de 2025, o FOMC optou por manter os juros estáveis no intervalo de 4,25% a 4,50%, avaliando que a economia ainda mostrava força, com mercado de trabalho aquecido e inflação persistente.
- Última atualização: o Federal Reserve anunciou um corte de 0,25 ponto percentual e indicou que mais dois cortes estão previstos antes do final do ano.
Assim sendo, o novo corte de setembro marca uma mudança importante, sugerindo que o Fed vê espaço para apoiar o crescimento do PIB sem reacender a alta de preços.
Por falar em inflação, um dos índices mais observados pelo Fed é o PCE (Índice de Preços para Gastos com Consumo Pessoal), cuja oscilação recente observa-se no gráfico abaixo:
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Quais devem ser os próximos movimentos do Banco Central americano?
Como vimos, o corte dos juros foi motivado principalmente por:
- Inflação em arrefecimento, mais próxima da meta de 2%.
- Necessidade de estímulo à atividade econômica, evitando riscos de recessão.
- Busca pela manutenção do pleno emprego, em meio a sinais de desaquecimento no mercado de trabalho.
Dessa forma, o mercado atualmente precifica dois a três cortes adicionais de 0,25 p.p. cada em 2025. Porém, o Fed deve agir com cautela: se a inflação voltar a acelerar ou se houver choques externos, o ciclo pode ser interrompido.
Basicamente, os indicadores de inflação têm mostrado sinais de moderação, embora ainda estejam acima da meta de 2% do BC estadunidense.
Além disso, o mercado de trabalho começa a dar indicações de desaquecimento, com criação de vagas abaixo do esperado e outros sinais de fragilidade.
Lembrando que esse cenário não é uma certeza e pode mudar, pois se a inflação mostrar persistência, ou se choques externos ocorrerem, o Fed pode desacelerar os cortes ou até interrompê-los.
Como ficam os investimentos com a nova taxa de juros nos EUA?
A transição de um cenário de juros altos para um de juros em queda configura uma mudança de regime econômico.
Ou seja, o Fed deixa de ser contracionista (hawkish) e passa a ser expansionista (dovish).
Tal alteração tem implicações diretas para as diversas classes de ativos, criando múltiplas oportunidades de investimentos e novos rebalanceamentos de carteira.
Mesmo antes do anúncio da redução dos juros, os investidores começaram a observar o enfraquecimento do dólar, compras de títulos de longo prazo da Renda Fixa americana e novos impulsos na Bolsa de Valores, renovando valores recordes.
Entre os potenciais impactos nos investimentos, espera-se:
- Bolsa de Valores: cortes de juros pelo Fed geralmente favorecem a Renda Variável global, pois reduzem o custo do capital e beneficiam empresas com projeções de crescimento.
- S&P 500: historicamente, após a volatilidade inicial, o índice se recupera em cenários de “pouso suave”, beneficiando especialmente tecnologia e consumo.
- Ibovespa: emergentes como o Brasil atraem capital estrangeiro com políticas monetárias expansionistas dos EUA. Com o fim do ciclo de alta da Selic, investidores buscam aproveitar juros elevados antes da redução, direcionando recursos para títulos públicos e Bolsa, aumentando a liquidez e valorizando ativos nacionais.
- Câmbio: a redução das taxas de juros tende a enfraquecer o dólar, diminuindo seu apelo para investidores que buscam maiores retornos.
- Dólar x real: juros mais baixos nos EUA reduzem a atratividade do dólar, podendo levar à valorização do real, desde que o cenário fiscal doméstico esteja controlado.
- Renda Fixa do Brasil: o corte de juros pelo Federal Reserve impacta a curva de juros no Brasil, podendo reduzir os juros futuros. Assim, o Banco Central pode cortar a Selic, o que, com a confiança fiscal, favorece títulos pré fixados, atrelados à inflação de longo prazo e crédito privado similar.
- Ouro: historicamente avesso a juros reais altos nos EUA, o ouro se beneficia de cortes, que reduzem seu custo de oportunidade. Com a esperada desvalorização do dólar, o ouro se fortalece como proteção contra desaceleração econômica e riscos geopolíticos.
Lembrando que o cenário econômico é multifacetado e essas não são previsões com 100% de certeza de concretização.
Tudo vai depender da magnitude e da duração da política monetária expansionista proposta pelo Fed e do cenário macroeconômico e geopolítico atual.
Este cenário é caracterizado por uma inflação moderada, porém persistente, sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho e um crescimento econômico resiliente.
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Importante: os investimentos e ativos mencionados neste material não constituem garantia de ganhos, recomendação de compra e não refletem diretamente a opinião dos nossos Analistas. Para orientação adequada, consulte um Assessor de Investimentos autorizado. O Santander não se responsabiliza por decisões de investimento tomadas com base neste conteúdo, nem por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, resultantes do uso indevido deste material.




